Gado bovino do Rio Grande ainda interessa compradores externos

Luís Neutzling, economista.

Nos últimos anos assistimos uma diminuição acentuada nos embarques de gado vivo, origem Rio Grande do Sul, pelo porto de Rio Grande.

Isso, entretanto, não diminui o interesse dos compradores tradicionais, que mantém suas estruturas ativadas na Região Sul do estado, com empresas constituídas, além de um número considerável de prestadores de serviços preparados para essa finalidade.

A escolha por nosso estado foi por aqui se encontrar o maior rebanho de gado bovino de raças e cruzas de raças européias do país, que originam o tipo de carne preferido pelos mercados explorados por esses exportadores, notadamente Oriente Médio, norte da África e Turquia.

Essa estrutura começou a ser montada em 2005 quando os primeiros compradores do Oriente Médio se instalaram no estado e começaram a realizar os primeiros embarques. A partir de então assistimos ano após ano quantidades consideráveis de cabeçasde gado sendo exportadas pelo porto de Rio Grande.

Constata-se, portanto que nos últimos anos assistimos uma diminuição acentuada nos embarques de gado vivo, origem Rio Grande do Sul. Vários foram os fatores que levaram a essa diminuição, mas um dos mais evidentes foi a nossa perda de competitividade não tanto pela evolução das cotações do gado vivo, mas principalmente pelo aumento considerável dos custos logísticos envolvidos nestas operações (frete internacional marítimo, frete interno, custos no confinamento, custos portuários etc.).  Uruguai e Argentina, nossos concorrentes diretos e mais tradicionais no mercado, aproveitaram esse espaço e mantiveram embarques mais consistentes para aqueles clientes.

Quando se faz uma análise um pouco mais desfocada do cenário local e regional devemos também considerar algumas dificuldades operativas e até administrativas que esses compradores vêm enfrentando em seus países de origem, advindas das instabilidades políticas e econômicas observadas no Oriente Médio, norte da África e Turquia.

Finalizando, são várias as manifestações desses compradores sinalizando a manutenção do interesse no gado gaúcho, com monitoração constante das nossas condições de mercado. Há inclusive novas empresas estrangeiras buscando informações e avaliando a conveniência de se instalar no estado. Portanto, pode-se considerar como probabilidade bastante razoável que novos embarques, em quantidades mais consistentes, voltarão a acontecer num futuro próximo.

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